Hoje olhei pra vida de um jeito diferente. Em geral, quando as pessoas dizem isso, é porque algo de grandioso e excepcional aconteceu no dia delas. Mas não é meu caso hoje. Não sei exatamente por que olhei pra vida de um jeito diferente. Começou por um filme que me inspirou, daí uma música do trailer de outro filme que me deu uma dor no coração, e enfim um desses textos de blogs que dizem várias lições pra tu aproveitar a vida ao máximo. É incrível como, dentro de seus clichês, eles nos botam pra refletir de verdade.
Eu vivo fazendo listas de afazeres. Alguns deles eu cumpro no tempo imaginado, outros procrastino por mais tempo do que eu pensei que fosse possível. Mas sempre faço a lista com a intenção de realizá-la e deitar com a cabeça tranquila no meu travesseiro, com sensação de dever cumprido. E eu sei que esses afazeres cotidianos são importantes pra minha vida num contexto maior, mesmo que por si só eles pareçam de fato rotineiros demais, comuns demais, não dá pra ver tão claramente onde eu tô indo com eles – certamente por estar perto demais temporalmente pra enxergar a importância real deles na minha vida. E é bom, sim, quando eu cumpro esses afazeres e fico com a consciência tranquila. Mas sabe o que é melhor que ficar com a consciência tranquila? É ficar com a consciência lotada. Lotada de expectativas superadas, lotada de vontades realizadas, lotada de atividades cumpridas que sejam importantes por si só, num contexto de qualquer tamanho. É isso que me abastece. É deitar na cama exausta de tanto fazer coisas que eu amei fazer, é fazer uma lista de coisas que eu quero de verdade realizar, que eu não vou querer procrastinar nem por um segundo a realização. É viver momentos em que eu sei, enquanto eles ainda tão acontecendo, que eu tenho muita sorte e felicidade em viver.
Sei que isso é uma certa imaturidade que carrego comigo, querer viver só os momentos de cujo valor tenho consciência imediata. Acho até que me entedio facilmente demais, já que minha vida tá sempre em movimento e mesmo assim nunca parece ser densa o suficiente. Ainda sou muito nova pra compreender como posso saciar esses anseios de intensidade que me batem. Mas um dia eu aprendo.