O Escafandro e a Borboleta

O despertar é quase que imediatamente relacionado à enxergar, e à visão que nos espera quando abrimos os olhos. Não pode ser normal despertar e não ver nada. A perda da sensação do fiozinho de luz que passa por entre a persiana, e alcança os olhos entreabertos. Ter que acreditar no que as pessoas te dizem estar acontecendo é um exercício de confiança nos outros e de redescoberta dos instintos naturais do ser humano.

É difícil poder entender esse ponto de vista, de que mesmo que tu não veja nada ao abrir os olhos, aquele vai ser o teu despertar toda vez depois que tu acabar pegando no sono. Dá pra ser entendido como metáfora, já que mesmo sem perder a visão propriamente dita, muitos de nós nos sentimos, ao longo da vida, como se estivéssemos despertando sem enxergar o que nos espera, alterando
completamente o significado desse despertar.

Metaforicamente ou não, o que nos resta é desenvolver o nosso eu interior, mais do que jamais conseguimos desenvolver. Crescem na gente pensamentos e percepções que só essa perda da visão poderia nos proporcionar. É um
momento de se relacionar, sim, pois é difícil que esse renascimento seja efetivamente alcançado sem o afeto pelas pessoas que estão perto. Mas, mais do que isso, é um momento de isolamento, reflexão e reconhecimento da própria existência e personalidade. De si, e de todos os seres que puderem passar pela imaginação. Existe a dor, e ela predomina por um longo tempo, mas o que se adquire depois que esta cessa é uma intensificação absurda
da sensibilidade da alma.

Sobre makingmyheartsing

Sagitariana, catorze anos, cursando o primeiro ano do Ensino Médio. Impaciente, ansiosa, explosiva, apaixonada, chorona, (muito) afetiva, meiga, seletiva com tudo, preocupada, egocêntrica, e, por mais que digam o contrário, insegura e cheia de dúvidas.
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