Me busco dia após dia

Mesmo me encontrando,

Busco aprimorar o que me guia.

 

Mas te chamo, te alcanço na rua

Não sou tão ego

que não possa ser tua.

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Ninguém entendeu muito bem quando eu falei em liberdade. Eu busquei me sentir dona de mim, dona das minhas ideias e inatingivel pela pequenez dos outros. É complicado, ao mesmo tempo que é muito fácil. O processo é rápido, é só começar a criticar todas as ideias que pareçam banais e medíocres. E é legal no começo, porque dá uma sensação de superioridade, de que as obrigações que te são impostas são só besteiras superficiais, sem importância, que tu é maior que tudo aquilo. Mas não é tão legal ser maior que tudo, porque exige uma autosuficiência que eu não acredito que alguém sustente por muito tempo. A liberdade te afasta das pessoas. A liberdade vira solidão.

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Pós Aeroporto – carta a um não tão velho amor

  Oi, querido
  Como está tudo?
  Sabe que eu podia acabar minha carta aqui? Sim, tu deve estar meio surpreso por estar recebendo algo de mim, depois de tanto tempo. Mas não adianta, não espera que eu te esqueça, porque eu nunca vou.
  Tu sabe o quanto eu te amei, o quanto eu ainda te amo, porque acho que o amor fica. É, ele fica, mesmo quando a paixão vai. Me preocupo contigo. Se tu não tivesse ido praí, a gente não estaria como estamos agora, a gente ainda estaria juntos, nada me tira essa certeza.
  Fiquei sabendo que tu arranjou alguém. Calma, antes que tu pense que eu quero retomar algo, ou te censurar, ou te desejar coisas ruins, quero deixar claro que minha missão é pacífica. Eu não imaginei que me sentiria assim, mas fiquei realmente feliz por ti. Feliz não é alegre, claro. Não foi nada fácil pra mim superar que a gente não ia mais se ver, e foi isso que me levou a passar tanto tempo sem te procurar. Mas parece que agora tudo o que eu mais quero é ver que isso aconteceu mesmo… que tu passou pela minha vida, cumpriu tua missão comigo… é, não tô exagerando. Nunca te escondi o quanto tu me ensinou. Minha maior lição de vida foi tu, durante todo o período em que estivemos juntos, e até agora, eu ainda tô aprendendo, mesmo porque ando me surpreendendo comigo mesma, e devo tudo isso a ti. E acho bonito ver que nossa fase juntos passou mas estamos bem, estamos numa boa e tu tá encontrando o amor de novo. Não poderia desejar nada mais pra ti, já que eu sei que tu tá tão feliz com o teu trabalho e com tua vida aí, então é sempre bom ter companhia pra desfrutar disso tudo contigo.
  Eu ainda não consegui me envolver com ninguém, depois de ti. Fiquei com um ou dois, mas foi coisa leve, ingênua, só pra ver se eu já aguento me ver com outra pessoa. A verdade é que por enquanto eu quero me ver sozinha. Não sou dessas pessoas que não aguentam um período de solidão após uma separação. Encontrei tua mãe e teu pai no supermercado, outro dia. Como sempre, teu pai me tratou muito bem, e tua mãe me olhou torto, mas eu sei que no fundo ela criou uma simpatia por mim. Ela sabe que eu fui quem melhor te amou. Não tô me gabando, tô é gabando a relação que a gente teve, que foi e é diferente de tudo o que eu já vi na minha vida. Muito mais bonito e sincero.
  Tô trabalhando de novo! Não naquilo que eu adoraria, é só temporário, mas enquanto não chega mais perto do concurso, quero ter algo pra me distrair. Ando estudando bastante, também. Se eu quiser passar, é interessante estudar mesmo.
  Espero que tu entenda a minha ausência, e que entenda que eu nunca estive completamente ausente. Tu pode conferir com os teus amigos o quanto eu perguntei de ti, mas sabia que se falasse contigo não ia aguentar. Pensei em ti o tempo todo. Primeiro com tristeza, saudade, nostalgia… quando chega na nostalgia já começa a se converter pra aceitação e admiração. E foi isso que aconteceu. Sou nova.
 Sei lá, só pra te dizer obrigada. Tu é quem mais merece um obrigada vindo de mim. E sorte, amor, que tudo prospere a teu favor. Me escreve de volta! Quero saber de ti como vão as coisas.
 Um beijo.

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Então, sem ter porquê – considerando o estado satisfatório em que eu me encontrava em relação ao amor – me ocorreu que um pouco de amor não é amor. Que declarar que “eu te amo muito” é algo redundante, pois o amor por si só já é muito. O amor é a sentença máxima de felicidade que me ocorre. Então por favor, meus caros, não vamos dizê-lo sem sentí-lo e não vamos aceitá-lo se ele não for muito, se ele não nos fizer perder o ar. Não vamos confundí-lo com a paixão. Não vamos aceitá-lo se ele for morrer, não o aceitaremos sem verdade.

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Conurbação

Os fones com música nos meus ouvidos não abafam o ruído das crianças brincando no início da manhã. Só sinto o peso do meu corpo. Não. Tem também o peso do que eu penso. Vocês podem não achar, mas o que eu penso pesa muito. Pra mim pesa. Às vezes pesa pro lado que aumenta o meu desvio, às vezes pro outro, que compensa. Depende de como eu acordei. Parece que tem coisas que aguçam os meus sentidos. Andar pesando no corpo pesando na mente pesando nos olhos marcados de cansaço. No fundo tantos sons misturados que dá pra perder a noção da fronteira entre o que eu penso e o que é externo. No fim é tudo o mesmo, se perde a fronteira e vira uma mancha geográfica no meu cérebro.

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Aeroporto

Foi estranho me ver chorando na tua frente – eu não pretendia, mas não pude evitar.
Sabe que sempre que aquele pensamento me vinha à cabeça, eu varria ele de lá, simplesmente não queria parar e refletir, pra chegar a conclusões que eu não queria chegar, mas que, mesmo inconscientemente, eu já tinha chegado.
Quando a gente tava no carro indo pro aeroporto, ainda parecia só um passeio de domingo, o trânsito livre e tranquilo, eu me concentrava muito mais nas tuas palavras do que no asfalto á minha frente. No carro, ouvindo The Cure e conversando, eu ainda estava com a perspectiva do eterno, com a impressão de que aquele momento da minha vida não ia acabar – e se eu tivesse parado pra pensar durante qualquer fase da nossa relação, eu poderia concluir que não seria eterno. Não sou esse poço de otimismo e confiança que todo mundo pensa que eu sou.
Quando a gente estacionou no aeroporto eu comecei a lembrar dos primeiros meses que a gente tava juntos, íamos no cinema toda semana, e era sempre no aeroporto, que, apesar de ser longe, exibia filmes que não eram exibidos em nenhum outro lugar da cidade. Quando lembrei disso, comecei a me dar conta de que tu tava indo embora. Desculpa por te deixar brabo, eu queria te dizer por que eu tava tão calada, mas não queria desabar assim na tua frente, e pensei que se eu ficasse quietinha, podia engolir o choro até tu ir embora.
Não adiantou. Quando a dor fica acumulada, assim, não importa o quanto tu tente segurar, daqui a pouco ela transborda. Eu não queria te fazer sofrer na última hora, te fazer ir embora com dor. É que a partir daquele momento eu me dei conta de que as coisas iam mudar – eu não tinha nem tentado me acostumar a viver sem ti. Nossa, eu odeio isso! Odeio me sentir dependente de alguém, mas contigo foi tão instantâneo, sempre foi assim. Sei lá, me desculpa. Eu tô feliz que tu esteja indo, sei que vai te fazer muito feliz. Só queria ser tão forte e independente quanto tu é, pra suportar tua ausência, que já tá doendo tanto… não esquece de mim, tá? Manda notícias. Apesar de sentir tua falta, tua felicidade com certeza vai amortecer minha solidão. Tu merece isso.

P.S.: Sempre foi grande a minha tentação de te dizer aquilo. Tu sabe o quê, aquilo que a gente nunca falou um pro outro, porque, ainda mais da tua parte, nunca precisou. Vou continuar o ritual, acho que tá nas entrelinhas aquilo que eu quero tanto que tu nunca esqueça.

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de um fim de tarde chuvoso

Passa o tempo, aumenta a saudade, acontece tanta coisa… As razões ás vezes esquecem de dar as caras, mas o sentimento nunca. É que depois de tanto tempo tu me vem, tu me aparece e eu mergulho no teu abraço quente, no teu cheiro intenso, no teu colo, no teu aconchego e daí vem aquela plenitude de estar aqui contigo amando cada suspiro, cada palavra, cada carinho, cada riso. Minha mente te fotografa. Que bonito esse momento, eu não quero nunca esquecer. Quando passar, quero lembrar com amor, quero lembrar como é bonito te contar depois do meu dia cheio como eu pensei em ti, como eu senti tua falta, e tu me diz pelo que tu anseia, gosto de estar entre os teus anseios, mas de ser aquela mão que te acaricia pra te fazer esquecer do que tu não quer lembrar, e aí tu lembra de mim, e de novo eu vejo teu sorriso meigo. Se meu coração tirasse fotos…

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-I just feel like she’s messing with me.
-Who are you talking about?
Right now, Norah. No, Tris. Tris.
You just haven’t figured it out yet, have you?
What?
…The big picture!
I guess not.
The Beatles.
What about them?
Look, other bands, they want to make it about sex or pain, but you know, The Beatles, they had it all figured out, okay? “I Want to Hold Your Hand.” The first single. It’s effing brilliant, right?… That’s what everybody wants, Nicky. They don’t want a twenty-four-hour hump sesh, they don’t want to be married to you for a hundred years. They just want to hold your hand.

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Longe dessa confusão

Há uns dias eu tô sem paciência pra nada. É quase como se eu vivesse uma existência obrigatória, sem graça, como se eu estivesse esperando os dias passarem pra finalmente chegar algo interessante. As pessoas tentam botar na minha cabeça que eu preciso fazer coisas, que eu preciso ser alguém que eu sei que não preciso. Tenho muita certeza de mim, e sei que não preciso passar por todas essas burocracias pelas quais a maioria das pessoas precisam passar. Tenho vontade de ir embora, mudar de estado ou cidade, ou dimensão. Eu não sou daqui, desse lugar sem respeito e sem clareza, esse lugar onde as pessoas não conseguem perceber que quando eu tô grossa, chata e azeda é quando eu menos mereço, mas quando eu mais preciso de carinho e paciência.

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A verdade é que ela sempre vai voltar

…ele sempre vai gostar, vai lembrar como é bom estar com ela, e aí eu vou ficar sozinha outra vez.

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