Você – que sempre foi o primeiro da turma, sem nunca esquecer sua agitada vida social, que ouve de Rolling Stones a Chico Buarque, entende tudo de literatura e arte moderna – nunca havia de fato acreditado que o amor lembraria de aparecer, não é mesmo?
Tudo bem, você nunca foi de se jogar fora e sua fama de galanteador era real. Teve alguns namoricos bobos, besteira qualquer. Mas nada comparado á falta de ar que agora toma seu peito, ás lágrimas sem sentido ou á súbita paixão e estima por si mesmo.
De repente você se vê em meio a uma existência graciosa, interessante, e por vezes sofrida. Você passa a gostar de coisas que nunca havia imaginado, passa a ser mais tolerante e a achar todos mais bonitos, mais vivos. Você lembra de como era antes e sente pena do seu antigo eu, e percebe que tudo aquilo que você já fazia, todo o conhecimento que já tinha não mais lhe é suficiente. Você precisa de mais você, e pra isso precisa desse estímulo, essa energia tão terna que é o amor. Mas isso não acontece só com os outros?, você se pergunta.
É então invadido por uma agradável confusão, uma gostosa incerteza do futuro, e ao mesmo tempo uma confiança gigante de que o futuro será grandioso, bonito. Você decide viver algo novo, e se estira então num banho de sensações desconhecidas, de expectativas diferentes, de acolhimento e adrenalina.